Com a ressalva de estar falando somente sobre a aplicação da Análise do
Comportamento denominada Intervenção Clínica Analítico-comportamental,
temos algumas diferenças formais mais facilmente detectáveis, tais como,
por exemplo, uma maior diretividade na condução da intervenção, o fato
de irmos além da interação verbal, intervindo também através da
disposição de contingências não-verbais, o fato de não estarmos
restritos ao consultório, muitas vezes intervindo no ambiente natural do
cliente ou em outros contextos extra-consultório e, em geral, numa
ênfase menor nos aspectos formais (topográficos) da intervenção clínica,
quando comparados aos demais modelos.
Entretanto, a maior diferença está menos nos aspectos formais e mais nos pressupostos orientadores da intervenção (quando
e
porque fazemos o que fazemos) e em pelo menos três outras exigências,
sobre as quais a nossa comunidade mantém um certo consenso: (a) as
variáveis independentes e dependentes consideradas precisam ser
naturais, (b) toda e qualquer intervenção que praticamos precisa estar
fundamentada em achados experimentais e (c) toda e qualquer intervenção
pontual precisa ser mensurada e ter a sua evolução acompanhada ao longo
do tratamento, para fins de correção de curso e como indicador de
validade
da intervenção (Avaliação Funcional). Essas e outras diferenças
decorrem do projeto fundamental da análise do comportamento, que é o de
construir um conhecimento naturalístico e empiricamente referenciado
do comportamento, o que implica na recusa intransigente em considerar
qualquer variável independente que não seja natural, isto é, que não
possua dimensões físicas e/ou temporais discerníveis pelos órgãos
sensoriais de um ser humano comum. [Não se deixe assustar pela palavra
“intransigente”; aqui, ela tem a função de demarcar uma identidade. Você
mesmo é possivelmente intransigente com respeito ao uso do seu nome
próprio].
Em função da poderosa tecnologia de modificação do
comportamento que vem desenvolvendo, a Análise do Comportamento mantém
também com intransigência um princípio ético fundamental, para toda e
qualquer aplicação: é preciso que o analista do comportamento esteja
seguro, além de qualquer dúvida razoável, de que a intervenção que
pretende fazer beneficie primariamente a pessoa cujo comportamento se
considera modificar.
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