Translate

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Que diferença a abordagem da Psicologia Comportamental apresenta em relação às outras quanto ao método utilizado na terapia?

Com a ressalva de estar falando somente sobre a aplicação da Análise do Comportamento denominada Intervenção Clínica Analítico-comportamental, temos algumas diferenças formais mais facilmente detectáveis, tais como, por exemplo, uma maior diretividade na condução da intervenção, o fato de irmos além da interação verbal, intervindo também através da disposição de contingências não-verbais, o fato de não estarmos restritos ao consultório, muitas vezes intervindo no ambiente natural do cliente ou em outros contextos extra-consultório e, em geral, numa ênfase menor nos aspectos formais (topográficos) da intervenção clínica, quando comparados aos demais modelos.

Entretanto, a maior diferença está menos nos aspectos formais e mais nos pressupostos orientadores da intervenção (quando
e porque fazemos o que fazemos) e em pelo menos três outras exigências, sobre as quais a nossa comunidade mantém um certo consenso: (a) as variáveis independentes e dependentes consideradas precisam ser naturais, (b) toda e qualquer intervenção que praticamos precisa estar fundamentada em achados experimentais e (c) toda e qualquer intervenção pontual precisa ser mensurada e ter a sua evolução acompanhada ao longo do tratamento, para fins de correção de curso e como indicador de
validade da intervenção (Avaliação Funcional). Essas e outras diferenças decorrem do projeto fundamental da análise do comportamento, que é o de construir um conhecimento naturalístico e empiricamente referenciado do comportamento, o que implica na recusa intransigente em considerar qualquer variável independente que não seja natural, isto é, que não possua dimensões físicas e/ou temporais discerníveis pelos órgãos sensoriais de um ser humano comum. [Não se deixe assustar pela palavra “intransigente”; aqui, ela tem a função de demarcar uma identidade. Você mesmo é possivelmente intransigente com respeito ao uso do seu nome próprio].

Em função da poderosa tecnologia de modificação do comportamento que vem desenvolvendo, a Análise do Comportamento mantém também com intransigência um princípio ético fundamental, para toda e qualquer aplicação: é preciso que o analista do comportamento esteja seguro, além de qualquer dúvida razoável, de que a intervenção que pretende fazer beneficie primariamente a pessoa cujo comportamento se considera modificar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário